Os proprietários de imóveis alugados como forma de investimento tiveram uma grande decepção no ano passado, período em que a rentabilidade das locações foi de 4,66%, de acordo com o Índice FipeZap.
O percentual, contabilizado pelo indicador que acompanha o comportamento do preço médio do aluguel nas principais cidades brasileiras para o período de 12 meses finalizando em dezembro, é inferior ao apresentado pelas mais tradicionais aplicações no Brasil no cenário atual, inclusive a caderneta de poupança.
Atualmente, com a taxa básica de juros no patamar de 9,25% ao ano, a aplicação preferida dos brasileiros rende 0,5% ao mês, o equivalente a 6,17% ao ano, conforme determinação da lei nº 12.703, de 2012.
Além de trazer um retorno inferior ao da poupança, a rentabilidade das locações também é menor do que a de outros investimentos com igual segurança e liquidez diária, caso do Tesouro Selic, que oferece um retorno na casa dos 9,15% ao ano no atual nível da Selic.
De acordo com levantamento do buscador de investimentos Yubb, apostas em CDBs de bancos médios (11,9%), LCI (9,33%) e debêntures incentivadas (13,82%) surgem como opções atrativas que pagam mais do que o dobro do retorno obtido com as locações no ano passado.
Para Pedro Tenório, economista do DataZAP+, a perda de atratividade não representa um motivo para crer que o imóvel será abandonado como forma de investimento. "Os proprietários precisam avaliar se vale a pena, dado seu plano financeiro, vender o imóvel agora para aplicar em outro ativo", afirma ele.
"Em 2015 e 2016, os diferenciais entre CDI e o rendimento dos alugueis foram superiores aos atuais e vários proprietários mantiveram seus imóveis, o que sugere a manutenção dos imóveis como ativos com fim de investimento no momento atual", explica Tenório.
Conforme os dados do FipeZap, o retorno médio do aluguel residencial aos donos de imóveis tem recuado marginalmente desde meados de 2020, o que ocasiona a taxa recentemente superada pela rentabilidade média projetada para aplicações financeiras.
Para os próximos meses, Tenório avalia que a tendência é de aumento da rentabilidade do aluguel. "O preço de venda de imóveis foi estimulado durante a pandemia, enquanto o preço de aluguel estava fragilizado até o fim do primeiro semestre de 2021, o que derrubou a rentabilidade do imóvel neste período", observa o economista
"O movimento ocorre em função do aumento da taxa Selic ao longo de 2021, pressionando a alta das taxas de juros de financiamento imobiliários, o que desacelera o mercado de compra de imóveis. Ocorre também, em decorrência do avanço da vacinação que permitiu uma situação sanitária mais amena, de forma que o nível de ocupação aumentou em 2021, além da alta do IPCA que pressiona os locadores a repassarem parte da perda do seu poder de compra para os inquilinos", completa Tenório.
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